(Cartoon: Quino, Potentes, Prepotentes e Impotentes, Ediciones de la Flor, Buenos Aires, 1989)
No próximo domingo (03 de outubro de 2010) a sorte do país será lançada mais uma vez. Digo sorte não no sentido de acaso. Mas, na formidável força que determina ou regula tudo quanto ocorre. Sorte que pode ser tomada nas mãos por homens conscientes do seu papel no tempo e no espaço.
Chegamos a esta eleição com um congresso e um senado em frangalhos. Desacreditados pelo povo e mergulhados na pior crise de credibilidade da história recente da redemocratização do país. Contudo, ainda é o Congresso Nacional. Ainda é o Senado. Instituições viscerais da nossa república. Pilares da democracia. Assim, nos afligimos por ver que o exercício da atividade política parece estar irremediavelmente tomado pelas imposturas, pela desfaçatez e pela desonestidade. Não nos iludamos, nem percamos a fé e a boa-fé. Com auxílio do dicionário, vamos resgatar que a política ainda é a ciência dos fenômenos referentes ao Estado, o princípio doutrinário que caracteriza a estrutura constitucional do Estado, o sistema de regras respeitantes à direção dos negócios públicos, a arte de bem governar os povos, o conjunto de objetivos que alinhava a ação governamental e condicionam a sua execução; também é sinônimo de civilidade, cortesia e argamassa das relações humanas.
Portanto, nossa vivência social é essencialmente política, nosso pensar é político, nosso agir é político. Destas premissas deriva uma conclusão imperativa: se nossas intituições políticas estão corrompidas é onde mais se faz necessário agir para expurgá-las de seus corruptores. Com efeito, temos a oportunidade no próximo domingo de fazer história e não simplesmente aceitarmos sofrer sua ação.
Neste sentido, conclamo a todos os professores, técnicos e alunos a exercerem sua cidadania no próximo domingo de forma consciente, determinada, altiva, tomados de duas forças poderosas: alegria e a esperança. Escolham seus candidatos e, como somos educadores de ofício, permito-me aqui enunciar algumas questões que devem pautar a análise dos seus candidatos:
O candidato se posiciona ou apresenta propostas claras e objetivas às questões de educação, saúde, habitação, trasporte coletivo, assistência social, emprego, geração de renda? As propostas que apresenta são coerenteS e bem articuladas?
O candidato tem uma visão crítica da realidade? Entende a educação como um direito e um bem público, exercendo papel estratégico na construção de uma sociedade mais justa, mais solidária e com menos exclusão?
O candidato apresentou durante a campanha ideias e/ou propostas de desenvolvimento para o estado, a região, o país, sustentáveis ecologicamente, centrados nas necessidades humanas, valorizando a melhoria das condições de vida da população e atendendo às necessidades sociais?
No currículo, o candidato tem experiência na gestão pública? Tem boa reputação, histórico decente, livre de acusações e/ou condenações nas várias instâncias do poder judiciário?
Bem, talvez muitos de nós tenham medo de levantar todas estas questões e... não achar ninguém que passe no teste. Mas, é importante que sejamos exigentes, que saibamos cobrar estas questões ao longo de todo o mandato dos candidatos eleitos. Sejamos vigilantes, pensantes, ativos politicamente.
Toda e qualquer mudança social deve antes começar com uma mudança na consciencia do indivíduo. Abdicar do direito de pensar e de entender o mundo não pode ser uma atitude responsável do cidadão moderno. Ao contrário, quando me torno consciente de minha vida e de minha comunidade, me torno capaz de transformar o mundo, por que me torno um agente da mudança, ao invés de simplesmente sofrer sua ação.
No dizer de Gandhi, sejamos a mudança que queremos ver no mundo.
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