domingo, maio 15, 2011

Dermatopatias Alérgicas e Epidemiologia das Dermatopatias

Caríssimos, vimos que as hipersensibilidades constituem um grupo responsável por um grande percentual dos casos dermatológicos em pequenos animais. Em geral, a hipersensibilidade resultante da picada por pulga (DAPP) é a mais comum, seguida da Atopia e da hipersensibilidade alimentar. Contudo, existem variações regionais na ocorrência destas dermatoses.

A Dermatite Alérgica por Picada de Pulga (DAPP) é uma reação de hipersensibilidade aos componentes da saliva da pulga. Em vários lugares do mundo é referida como a causa mais comum de dermatite alérgica e a principal causa de prurido em cães e gatos. É uma enfermidade que pode ser exacerbada de forma sazonal, em virtude da influência do clima sobre o ciclo de vida das pulgas.

A Atopia Canina é uma afecção de origem genética, na qual há uma sensibilização do animal a antígenos presentes no ambiente, induzindo a mediação de IgE e repercutindo em um processo inflamatório acompanhado de intenso prurido. O espectro de agentes de potencial alergênico é muito amplo (ácaros,pólen, células epiteliais humanas descamadas, poeira doméstica, poluentes ambientais, restos de alimento, dentre outros). Selecionamos o artigo de autoria de Zanon et al. (2008) que trata sobre a Dermatite Atópica Canina (DAC) e que traz inclusive uma proposta bem prática de algoritmo diagnóstico para elucidação da ocorrência desta enfermidade.

Por fim, mas não menos importante, destacamos a Hipersensibilidade Alimentar Canina (HAC) como uma das mais importantes dermatopatias alérgicas em cães. Os mecanismos fisiopatológicos precisos que ensejam o surgimento da HA são obscuros. Trata-se de uma reação de hipersensibilidade que pode ser do tipo I, III e IV. Sendo que os principais componentes alergênicos advém dos componentes proteicos e/ou carboidratos da própria alimentação. Interessante referir que há especulações sobre o fato de que a interferência humana na alimentação canina tem proporcionado o aumento nos casos de HAC. Ou seja, ao colaborarmos para que o comportamento alimentar carnívoro dos cães se converta em omnívoro, aumentamos o leque de desafios antigênicos ao sistema imunológico canino. Selecionamos para leitura complementar o artigo de Salzo e Larsson (2009). Os autores investigaram 117 casos suspeitos de HAC. Enfim, os casos dermatológicos são importantes porque chegam a responder por 60 a 80% de todos os atendimentos na clínica médica de pequenos animais. A dermatopatologia veterinária vem ajudando a elucidar enfermidades conhecidas, a reconhecer enfermidades novas e a estabelecer critérios de diagnóstico cada vez mais confiáveis e satisfatórios para um bom planejamento terapêutico.

Assim, é muito importante ter uma visão mais ampla sobre os aspectos epidemiológicos que envolvem as dermatopatias em pequenos animais, sobretudo nos cães. Exatamente por isso, selecionamos mais dois artigos para a sua leitura complementar: ambos são de Souza et al. (2009), um sobre dermatopatias não-tumorais e outro sobre neoplasias cutâneas. Os links para os artigos completos estão na aba "artigos" ao lado.

Referências:

Souza, T.M. et al. Prevalência das dermatopatias não-tumorais em cães do município de Santa Maria, Rio Grande do Sul (2005-2008). Pesq. Vet. Bras. vol.29, n.2, pp. 157-162, 2009.
Salzo, P.S. e Larsson, C.E. Hipersensibilidade alimentar em cães. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.61, n.3, p.598-605, 2009.
Zanon, J.P. et al. Dermatite atópica canina. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 29, n. 4, p. 905-920, out./dez. 2008.
Souza. T.M. et al. Estudo retrospectivo de 761 tumores cutâneos em cães. Ciência Rural, v.36, n.2, p.555-560, 2006.

Um comentário:

  1. Professor, lendo o artigo sobre a hipersensibilidade alimentar, fui pesquisar mais sobre as dietas oferecidas aos animais que desenvolvem essa patologia. Achei um texto (interessante e bem simples) onde a autora diz que as dietas com proteínas hidrolisadas são uma alternativa válida tanto no diagnóstico quanto no tratamento a logo prazo da hipersensibilidade alimentar. Isso porque são de alta digestibilidade, o tamanho dos polipeptídeos é reduzido e por sua boa palatabilidade. Mas é importante checar o balanço nutricional dessa dieta, já que às vezes será necessária em cães na fase de crescimento e cadelas gestantes. Fui pesquisar também sobre os ingredientes dessas dietas e uma das marcas que oferece ração hipoalergênica para cães tem a seguinte composição: como fonte de proteína a soja e fígado de aves; como fonte de carboidratos o arroz, polpa de beterraba e frutooligossacarídeos; como fonte de lipídeos a gordura de aves, óleo de soja, óleo de peixe e “borage oil”. Não existe uma dieta hipoalergênica 100% verdadeira para todos os animais. O que acontece é que elas são formuladas com ingredientes aos quais o animal dificilmente foi exposto, sendo fonte de proteína “neutra”. O texto do qual comentei (está em inglês, mas é fácil de entender) está no link:

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